NICAR25 #1: neve e perdida no skyway

Data de Publicação

11 de março de 2025

Este post faz parte de uma série de publicações sobre meus dias em Minneapolis para participar do NICAR 2025. Veja o post #0 :)

Minneapolis, a capital de Minnesota, me recebeu no dia 5 de março com uma tempestade de neve daquelas. Depois de uma viagem longa – saindo de Guarulhos, conexão em Toronto e muita turbulência –, finalmente pisei em solo estadunidense. Mas não sem antes me preocupar: algumas semanas antes, um avião da Air Canada teve problemas ao pousar em Toronto, e, ironicamente, fiz a mesma rota no dia 5 de março.

Assim que cheguei no Aeroporto de Minneapolis-Saint Paul, fui ver o caminho do metrô até o hotel da conferência, bem localizado no centro e com acesso direto ao Skyway, a famosa rede de passarelas fechadas da cidade. O trajeto não era complicado, mas a tempestade de neve derrubou o sinal de celular. Não adiantava ter chip internacional. Então confiei no meu senso de localização, salvei o mapa offline e segui caminho.

Já tinha visto neve antes, mas nunca estado na neve. Em 2022, fiz um intercâmbio de quatro meses em Austin, Texas, e, antes de voltar pro Brasil, passei o Natal em Nova York e só vi a neve da janela do quarto. Minneapolis foi a primeira vez que pisei na neve de verdade, escorreguei, senti o gelo. No começo, achei lindo mas o encanto durou exatos dois minutos: meu sapato não era apropriado, puxar mala na neve é complicadinho e os -11°C não estavam pra brincadeira (#perrenguechique)

Foi aí que os Skyways começaram a fazer sentido. Inicialmente, achei a ideia ruim porque gosto de sentir a cidade caminhando pelas ruas. Mas depois de congelar um pouco, entendi o apelo. Minneapolis tem a maior rede de Skyways do mundo, com mais de 18 km de passarelas conectando prédios no centro, protegendo pedestres do frio e facilitando o acesso a lojas e restaurantes. O problema é que eles também esvaziam as ruas, e, como passam por prédios privados, fecham cedo. Descobri isso quando saí para jantar às 19h30, me perdi, voltei pelo Skyway e encontrei várias passagens trancadas. Acabei na rua vazia, sem opção.

Sem jantar, voltei para o hotel e comecei a planejar as refeições nos próximos dias. Foi aí que percebi um dos acertos do NICAR e da comunidade que participa dela: as oportunidades de networking bem pensadas.

Existe um canal no Slack chamado News Nerdery, voltado para jornalistas, desenvolvedores, analistas de dados e outros profissionais da área. Muito antes da conferência, a conversa já estava rolando por lá. E uma das iniciativas mais legais eram os jantares patrocinados por organizações de mídia, feitos para conectar os participantes. Meu interesse inicial era não pagar em dólar, mas no fim conheci muita gente bacana. Algumas oportunidades foram organizadas, como o almoço com o pessoal do Marshall Project; outras, mais orgânicas – como quando a Open News distribuiu gift cards de 50 dólares para incentivar os encontros. Combinei um almoço com alguém que já conhecia, mas no restaurante encontramos outros participantes na mesma situação e juntamos tudo numa grande mesa de jornalistas do mundo todo.

No hotel também aproveitei para planejar direitinho meu cronograma para os próximos dias. O NICAR tinha um evento num app de “guia”, que contava com a programação. Segue o print da minha: