jardim
Acho que é de bom tom me apresentar. Ainda que, se você chegou até aqui, provavelmente já me conheça das andanças por aí.
Me chamo Bianca, filha da dona Cida e do seu Paulo. Sou uma mulher negra de 29 anos, apaixonada por aprender, compartilhar e por aprender a compartilhar. —como ouvi em um workshop das PyLadies SP. Essa frase virou um mantra para mim (perdão aos amigos que me ouvem repeti-la constantemente), porque resume bem o que quero para a vida: trocar experiências em uma comunidade de aprendizes e absorver dela tudo o que pode me fazer crescer. Profundo, né? Mas também gosto de falar besteira (equilíbrio é essencial) e de ser fangirl.
A internet sempre foi meu espaço favorito para essa troca de conhecimento, para falar besteira e para ser fangirl. No tempo que o tumblr era not safe for work, eu era uma adolescente quietinha, mas com muita vontade de falar sobre tudo (insira aqui alguma música do Simple Plan sobre crescer). Publicar meus pensamentos online foi o caminho natural. Foi na web que encontrei gente que fazia o mesmo e me senti parte de uma comunidade.
Mas a convivência com as redes sociais foi ficando estranha. Estou presente nelas desde 2010—são mais de dez anos gritando para as paredes do Twitter (antes disso, um perfil no Orkut, atualizado uma vez por semana na lan house). Nesse tempo, passei no vestibular algumas vezes, descobri e abandonei hobbies, defendi um mestrado, fiz uma transição de carreira meio confusa, comecei a trabalhar, fui a muitos rolês sozinha, entrei em espaços que nunca imaginei ocupar, aprendi sobre ansiedade e depressão, fui morar sozinha e talvez tenha virado adulta. Tudo isso documentado em posts.
Enquanto isso, as redes sociais se tornaram uma máquina de engajamento, cheia de expectativas com as quais não sei lidar. Nada contra métricas, mas parece que você precisa performar algo o tempo todo em troca de atenção, dinheiro ou dopamina em forma de likes. Criar uma persona bem estabelecida online pode bagunçar a cabeça de quem é, no fim das contas, uma pessoa em constante construção.
Não pretendo chegar a uma conclusão definitiva sobre minha relação com as redes sociais. Mas sei que cultivar um espaço online e se fragmentar em diferentes personas—profissional, pessoal—tem sido cada vez mais desafiador.
Somado a isso, a rede do passarinho azul, onde sempre fui mais ativa, passou por mudanças recentes que me deixaram cabrera. Vi nelas uma chance de repensar minha presença digital. Apesar dos desafios, a internet ainda é um lar para mim.
Foi assim que comecei a plantar e regar com carinho meu jardim digital.
Conheci o conceito de digital gardening enquanto olhava o portfólio de um professor (grande Tiago Maranhão!). Eu sugiro que leiam o artigo em que ele apresenta seu digital garden e post da Maggie Appleton pra entender melhor, mas em resumo:
“Um jardim é uma coleção de ideias em evolução, organizadas não pela data de publicação, mas por associações contextuais. Eles são exploratórios—notas são interligadas organicamente. São inacabados, permitindo que cresçam e evoluam ao longo do tempo. São menos rígidos, menos performáticos e menos perfeitos do que os sites pessoais tradicionais.” (tradução adaptada do site de Maggie Appleton)
Diferente da jardinagem que implica em podar e cortar relações (como aquela “limpa” nas redes sociais em que apagamos tudo que não representa mais quem somos), esse tipo de cultivo está mais ligado a regar, manter e criar conexões, sem a pressão de periodicidade ou engajamento.
Sempre fui a pessoa que coleciona post-its, faz listas, junta cartões de visita, anota frases em caderninhos e usa o Twitter como repositório de links. Amo o Pinterest e a função “salvar” do Instagram. Esse conteúdo quase sempre fica só para mim, mas adoro encontrar brechas para compartilhá-lo. Então, por que não reunir tudo isso num cantinho da internet? Será útil para mim, como um banco de referências, e pode ser para outros que, como eu, gostam de conhecimento compartilhado. 🙂
Pensei em usar o Medium, mas sua estrutura linear não daria conta da minha ideia de galhos e ramos (eu juro que tô tentando evitar referências a plantas, mas é difícil). Twitter e Instagram têm seus formatos de digital gardening—threads e destaques, por exemplo—, mas também vêm com a pressão das métricas, da constância e de uma cronologia caótica. E como gosto de explorar temas diversos, um formato mais flexível faz mais sentido para mim.
Alguns ramos desse jardim:
Não sou cinéfila mas tenho uma conta no Letterboxd. Mais uma tentativa de transformar meus hábitos em dados;
Os meus scrobbles no Last.fm;
Goodreads que eu não atualizo taaaanto. Vou transformar numa página, algum dia;
Algumas considerações sobre meu intercâmbio (pois é, fiquei quatro meses nos EUA estudando sobre o ensino de DDJ lá).
Isso é tudo, pessoal! Esse jardim vai crescendo com o tempo.
Ramo | Plantado em | Última rega |
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NICAR | 2 de mar. de 2025 | 4 de mar. de 2025 |
rata de show | 9 de nov. de 2013 | 26 de jan. de 2025 |